Hamas diz que lista de reféns foi trocada com Israel e cita que 'otimismo predomina' nas negociações sobre paz em Gaza
08/10/2025
(Foto: Reprodução) Hamas diz que lista de reféns foi trocada com Israel
O Hamas afirmou nesta quarta-feira (8), que entregou a Israel a lista de reféns israelenses que serão libertados caso haja um acordo de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. O lado israelense, por sua vez, também entregou uma lista de prisioneiros palestinos que seriam soltos.
A alta autoridade do Hamas Taher Al-Nounou também afirmou que o otimismo predomina nas negociações neste momento e que o grupo terrorista demonstrou a positividade necessária para chegar a um acordo com Israel.
“Os mediadores estão fazendo grandes esforços para eliminar todos os obstáculos à implementação das diferentes etapas do cessar-fogo, e o otimismo prevalece entre todos os participantes (...) As negociações indiretas, com a participação de todas as partes e dos mediadores, continuam”, afirmou Al-Nounou à AFP por telefone.
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As negociações, com base em um plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, ocorrem em Cairo, no Egito, e estão focadas nos termos para encerrar a guerra em Gaza, na libertação dos reféns, no desarmamento do Hamas e na retirada das forças israelenses do território palestino.
Na terça-feira (7), dia em que a guerra entre Israel e Hamas em Gaza completou dois anos, o grupo terrorista fez uma série de novas exigências durante as negociações e provocou ao dizer que o ataque terrorista de 7 de Outubro de 2023 foi uma "resposta histórica" a Israel. Ao mesmo tempo, Trump afirmou que um acordo para encerrar o conflito "está muito próximo".
Esta não é a primeira vez que Trump falou algo assim sobre o possível fim da guerra em Gaza. O presidente americano afirmou que estava "muito perto" de um acordo sobre o conflito horas antes de anunciar, ao lado do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, sua proposta de paz de 20 pontos na segunda-feira da semana passada. Trump ficou ainda mais otimista na última sexta-feira, quando o Hamas anunciou aceitar libertar todos os reféns israelenses de uma só vez.
A fala de Trump ocorre em um momento em que negociadores de Israel e Hamas realizam negociações indiretas no Egito para finalizar o conflito nos moldes do plano de Trump. Israel concordou com a proposta, porém oferece certa resistência em alguns pontos. Já o Hamas disse que concorda em libertar todos os reféns, vivos e mortos, porém pediu mais discussões sobre os demais termos. (Leia mais abaixo)
Ao mesmo tempo, Israel e Hamas adotam cautela sobre as negociações no Egito, porque neste momento há pouco consenso e uma desconfiança mútua que podem fazer as tratativas ruírem. Trump mencionou um esforço para garantir que todos cumpram com um eventual acordo porque Israel já não aderiu a sua orientação de que Israel teria que parar imediatamente com os bombardeios em Gaza, dada após a sinalização positiva do Hamas.
Um alto funcionário do Hamas afirmou nesta terça que seus negociadores estão "trabalhando para superar todos os obstáculos para chegar a um acordo" para encerrar o conflito nas negociações no Egito, porém fez uma série de exigências. O Hamas também disse nesta terça que o ataque terrorista de 7 de Outubro de 2023 foi uma "resposta histórica" a Israel pelo que chamou de ocupação ilegal dos territórios palestinos —uma nova provocação ao governo Netanyahu.
Israel e Hamas começam a negociar implementação do plano de paz de Trump
Na manhã de 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel e realizaram assassinatos em massa de israelenses. Cerca de 1.200 morreram, e 251 foram levados como reféns para a Faixa de Gaza. Segundo Israel, 48 deles continuam sob poder do Hamas, dos quais 20 estão vivos e o restante, morto.
Assim como faz em diversas ocasiões, o governo israelense relembrou nesta terça o horror do ataque terrorista de 7 de outubro. Centenas de autoridades mundiais voltaram a repudiar o ataque de 7 de Outubro e pedir a soltura dos reféns israelenses sob poder do Hamas.
Desde o início do conflito em Gaza, a ofensiva israelense gerou uma destruição generalizada do território, uma grave crise humanitária entre os palestinos, com a prática de genocídio e a situação de fome generalizada, segundo agências independentes ligadas à ONU. Mais de 67 mil palestinos foram mortos e quase 170 mil ficaram feridos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas —essa contagem é chancelada pela ONU.
Guerra em Gaza está perto de acabar?
Palestinos olham para fumaça ao longe de ataque de Israel na Faixa de Gaza em 5 de outubro de 2025.
REUTERS/Mahmoud Issa
Ainda é cedo para dizer que a guerra está perto de acabar. Parte da comunidade internacional vê na proposta apresentada por Trump um sinal de esperança para, ao menos, um cessar-fogo no curto prazo. Mas ainda há obstáculos.
A resposta do Hamas ao plano, apesar de positiva, deixou várias questões em aberto.
O grupo terrorista não deixou clara sua posição sobre o desarmamento, um dos principais pontos do plano e objetivo declarado de Israel na guerra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aprovou a proposta, mas rejeita a criação de um Estado palestino — algo para o qual o plano dos EUA abre caminho, ainda que de forma condicionada.
Outros impasses envolvem o cronograma de retirada das tropas israelenses de Gaza e a definição de um novo governo para o território.
Segundo a Reuters, especialistas enxergam as negociações como o início de um processo para o cessar-fogo, e não o fim.
Vale lembrar que o plano em discussão foi apresentado após outras tentativas de cessar-fogo: uma no início da guerra, em 2023, e outra no começo deste ano. Ambas duraram poucas semanas e não conseguiram trazer estabilidade ao Oriente Médio.
Na segunda-feira (6), delegações de Israel e do Hamas participaram do primeiro dia de negociações no Egito sobre o plano de Trump. As conversas tiveram mediação dos anfitriões, além de Estados Unidos e Catar. Uma nova rodada está marcada para esta terça-feira.
Apesar de Trump ter pedido para que Israel interrompesse os ataques durante as negociações, bombardeios ainda foram registrados no fim de semana. A imprensa israelense informou que os militares foram orientados a reduzir a ofensiva.
➡️ Os israelenses são cidadãos do Estado de Israel, criado no fim da década de 1940. Os palestinos são um povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Já o Hamas é um grupo extremista islâmico armado que atua nos territórios palestinos e controla a Faixa de Gaza desde 2007.
Relembre no vídeo abaixo o ataque terrorista do Hamas em Israel.
Vídeos mostram sequência da invasão do Hamas na rave Universo Paralello
Proposta de paz
A Casa Branca apresentou na semana passada um plano com 20 pontos para encerrar a guerra na Faixa de Gaza imediatamente.
A proposta prevê o território como uma zona livre de grupos armados. Integrantes do Hamas podem receber anistia, desde que entreguem suas armas e se comprometam com a convivência pacífica.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, se encontra com Donald Trump na Casa Branca
REUTERS/Jonathan Ernst
Se o plano for implementado, Gaza passaria a ser governada por um comitê formado por palestinos tecnocratas e especialistas internacionais.
O grupo atuaria sob supervisão de um novo órgão chamado "Conselho da Paz", que seria presidido por Trump. Não está claro se Israel participaria do órgão.
Segundo a Casa Branca, o Hamas tem 72 horas para libertar todos os reféns mantidos desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
A proposta também prevê que Israel libere quase 2 mil prisioneiros palestinos. Além disso, a ONU e o Crescente Vermelho seriam responsáveis pela distribuição de ajuda na Faixa de Gaza.
O plano é vago sobre a criação do Estado da Palestina, mas indica um caminho que pode levar a esse reconhecimento no futuro.
Membros da comunidade internacional receberam a proposta de forma positiva. Por outro lado, moradores de Gaza disseram estar sem esperanças e temem uma piora no conflito.
Trump afirmou que, se o Hamas não aceitar o acordo, o grupo enfrentará um “inferno total”. Ele disse ainda que apoiará Israel em ações militares para eliminar o grupo de forma definitiva. Na mesma linha, Netanyahu afirmou que avançará na ofensiva em Gaza caso o acordo não seja fechado.