Golpe do brechó: centenas de clientes alegam que não receberam por bolsas, sapatos e roupas de grife que entregaram
Clientes de todo o Brasil acusam Francine Prado, dona do brechó online Desapego Legal, de aplicar um calote de R$ 5 milhões aqui e no exterior. Centenas de clientes de um brechó de luxo tentam receber o dinheiro da venda de joias, bolsas e roupas de grife.
Clientes de todo o Brasil acusam Francine Prado, dona do brechó online Desapego Legal, de aplicar um calote de R$ 5 milhões aqui e no exterior. O número de vítimas já passa de duas centenas — só em um grupo de aplicativo de mensagens, são 220, que se uniram para tratar estratégias, para denunciar falta de pagamentos e a não devolução das mercadorias enviadas ao brechó.
A empresa tem quase 100 processos na Justiça. Também há boletins de ocorrência na polícia em vários estados contra Francine e seu marido, que é sócio.
Lázaro, da Bahia viu no Desapego Legal uma oportunidade de prosperar. Pegou peças de luxo de clientes e enviou para Francine vender em troca de uma comissão.
"Eu cobrava 10% do valor que eu vendia, até mais ou menos 2023, tudo ocorria muito bem, entendeu? Eu já estava muito conhecido em Salvador, começando a fase de conquistar os meus sonhos. Mas tudo virou pesadelo", relata.
Em 2024, quando Lázaro diz que os pagamentos do brechó cessaram de vez, ele teve que arrumar dinheiro pra honrar os compromissos com quem havia confiado nele. No desespero, Lázaro fez um empréstimo de R$ 50 mil com agiotas.
"Ah, mas foi vendida. Se foi vendida, cadê o dinheiro?" Por que não pagar as pessoas que você tá devendo? Por que você não vende o seu carro que você tem? Porque eu vendi o meu carro".
Promessas não cumpridas
Francine Prado, dona do brechó, dava desculpas para Lázaro e outros clientes.
"Programava um pagamento e chegava na data, não dava satisfação. Simplesmente, passei mal, estou internada, hoje não funcionou, eu estou de cama. Não tem como, não vamos te pagar hoje, 'boa noite', apenas isso", conta Lázaro.
Ela também respondia com ironia, conforme revela um áudio.
"Eu não sei nem como que é, nunca recebi nenhuma reclamação do Procon", afirma.
Processos e reclamações em curso
O site de reclamações "Reclame Aqui" acumula 149 queixas contra o brechó. Apesar disso, o brechó, que tem 215 mil seguidores no Instagram, continua funcionando e vendendo produtos online.
O Desapego Legal também tinha uma sede física para clientes especiais neste prédio em frente ao Ministério Público em São José dos Campos. Por nota, o MP disse que investiga o brechó para esclarecer as denúncias e punir os responsáveis se forem confirmadas as condutas criminosas.
A reportagem esteve no condomínio em que Francine mora. O marido de Francine atendeu aos produtores do Fantástico, mas desistiu de dar entrevista. Depois, ele enviou uma nota em que diz que a empresa passa por dificuldades financeiras, mas que nunca teve intenção de fraudar ou prejudicar qualquer pessoa. E ainda, que fechou acordo com mais de 400 fornecedores.
Até quem prestava serviços para Francine Prado diz que sofreu um calote. O artesão especialista em restaurar itens de luxo Nilton Mandi conta que ela desapareceu deixando uma dívida R$ 10 mil.
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