‘As sequelas não aparecem só nas radiografias’: acidentes de trânsito custam R$ 101 milhões ao SUS em Presidente Prudente
08/10/2025
(Foto: Reprodução) Carro seguia sentido Centro, em Presidente Prudente, quando foi atingido pelo caminhão
Stephanie Fonseca/g1
Os acidentes de trânsito custaram R$ 101,2 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS), entre setembro de 2024 e agosto de 2025, em Presidente Prudente (SP), segundo dados do painel Infosiga, do Detran-SP. Segundo o levantamento, o município registrou 1.181 acidentes de trânsito e 25 mortes no período.
A maior parte dos gastos foi gerada por ocorrências em vias urbanas, que somaram R$ 91.026.337,00 — o equivalente a 90% do valor total. Já os acidentes em rodovias e estradas representaram R$ 10.244.145,00.
Ao g1, o médico ortopedista e traumatologista Evandro Ribeiro destacou as lesões e sequelas mais frequentes após acidentes de trânsito. Ele atua no SUS e também atende pela Unimed, e afirma que vê diariamente as consequências dos traumas causados nas vias.
“Muitos sobrevivem ao impacto, mas enfrentam um longo processo de recuperação (e, em alguns casos, carregam sequelas para o resto da vida)”, reforçou.
Acidentes de trânsito em Presidente Prudente, entre setembro de 2024 e agosto de 2025
Reprodução/Infosiga Detran-SP
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Fraturas e sequelas mais frequentes
Entre as vítimas que chegam ao pronto-socorro, as fraturas de perna e coxa são as mais frequentes, especialmente na tíbia e no fêmur, conforme o médico. “Essas fraturas costumam acontecer quando a moto ou o carro atinge diretamente o membro, ou quando o corpo é lançado contra o asfalto”, explicou.
“Também são comuns fraturas de pelve, lesões no joelho (como rompimento de ligamentos), fraturas de punho e antebraço (e, nos casos mais graves, traumas de coluna)”, continuou.
O especialista afirmou que mesmo com o tratamento adequado, algumas lesões deixam marcas permanentes, em que as mais frequentes são:
Dor crônica e limitação de movimento;
Dificuldade para andar ou realizar tarefas simples;
Diferença no comprimento das pernas após fraturas mal consolidadas;
Artrose precoce em articulações lesionadas;
E, infelizmente, amputações em casos de esmagamento grave.
“Além do impacto físico, há também o sofrimento emocional e social. Muitos pacientes enfrentam afastamento do trabalho, perda de renda e alterações na autoestima. A reabilitação costuma ser longa e exige acompanhamento com fisioterapia, psicologia e equipe multiprofissional”, contou ao g1 o médico.
Médico ortopedista e traumatologista em Presidente Prudente (SP)
Evandro Ribeiro/Arquivo pessoal
Impacto que vai além do acidente
Nos últimos dez anos, 9,2 mil acidentes de trânsito foram registrados em Presidente Prudente (SP), segundo dados do painel Infosiga. Em 2024, foram contabilizados 1.465 casos, enquanto em 2025, até o momento, já são 704 ocorrências.
Já os casos de óbitos, também na última década, na região do Oeste Paulista, 1.359 mortes foram causadas por acidente de trânsito. Em Presidente Prudente, no mesmo período, foram 226 mortes.
“O SUS desempenha papel essencial desde o primeiro atendimento no pronto- socorro até a reabilitação. No Hospital Regional de Presidente Prudente, por exemplo, o foco é salvar o membro e preservar a função, utilizando fixadores externos, cirurgias de reconstrução óssea e programas de fisioterapia”, continuou Evandro.
Porém, o tratamento ideal, segundo o especialista, começa antes do acidente, com educação no trânsito, uso de capacete, cinto de segurança, respeito à velocidade e sobriedade ao dirigir.
“As sequelas de um acidente não aparecem apenas nas radiografias. Elas se revelam quando um pai deixa de brincar com o filho, quando alguém perde o emprego por não conseguir mais caminhar como antes, ou quando uma jovem precisa se readaptar após uma amputação”, completou.
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