Aquacultura, dieta e gaiolas: como biofábrica quer produzir 190 milhões de mosquitos com bactéria para combater dengue

  • 08/10/2025
(Foto: Reprodução)
Como biofábrica quer produzir 190 milhões de mosquitos com bactéria para combater dengue Com um sistema inteligente de aquacultura, dieta específica e gaiolas adaptadas, uma biofábrica em Campinas (SP) tem capacidade para produzir, por semana, 190 milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia, capaz de impedir a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. A técnica, já adotada pelo Ministério da Saúde, envolve a produção controlada desses mosquitos em laboratório e a liberação de caixinhas com ovos em áreas urbanas - entenda abaixo. Inaugurada no dia 2 de outubro, a fábrica pertence à empresa Oxitec e, apesar de pronta para operar, depende de uma autorização excepcional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a produção. O pedido foi feito em março mas ainda não há previsão de resposta, segundo a empresa. Em nota, a agência informou que "a regularização do tema encontra-se na Agenda Regulatória da Anvisa e o processo da empresa será analisado com a prioridade necessária, em conformidade com as necessidades do cenário epidemiológico brasileiro". 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias da região em tempo real e de graça Nesta reportagem você vai saber: Como os mosquitos são produzidos? Como funcionam as caixinhas de liberação? O que é a Wolbachia? Como os mosquitos são produzidos? Em 'gaiola' especial, mosquitos adultos machos são alimentados com água e açúcar. Reprodução Oxitec O processo de criação dos mosquitos com Wolbachia é altamente controlado e envolve várias etapas: Criação das larvas: aquacultura de mosquitos Tudo começa com os ovos do Aedes aegypti, que são colocados em um sistema de aquacultura desenvolvido pela empresa. O ambiente simula as condições ideais para a eclosão dos ovos e o desenvolvimento das larvas. 🧠 O sistema de bandejas com água é automatizado e inteligente. Ele controla temperatura, umidade e alimentação com precisão para garantir eficiência máxima. Separação de larvas e pupas: peneiras e precisão Após alguns dias, as larvas crescem e se transformam em pupas, a fase intermediária antes de virarem mosquitos adultos. Elas são separadas manualmente com peneiras específicas. 🔍 Funcionários experientes conseguem identificar visualmente se o desenvolvimento está adequado — só de olhar para a bandeja, já sabem se algo está fora do esperado. Desenvolvimento dos adultos: alimentação e acasalamento As pupas são transferidas para 'gaiolas' especiais, onde se tornam mosquitos adultos. Os machos recebem água com açúcar, enquanto as fêmeas são alimentadas com sangue animal, necessário para a maturação dos ovos. 🩸 O sangue usado é aquecido para simular a temperatura corporal humana — isso atrai as fêmeas, que só colocam ovos após se alimentarem. Ovoposição: o papel ideal para os ovos Após o acasalamento, as fêmeas colocam os ovos em papéis com água, posicionados estrategicamente nas gaiolas. 📄 O papel tem porosidade e maleabilidade específicas, desenvolvidas para imitar o ambiente natural que as fêmeas procuram para depositar os ovos. Coleta e controle de qualidade Os papéis com ovos são lavados para que os ovos sejam coletados e pesados. Cada lote passa por testes rigorosos para garantir a qualidade e a taxa de eclosão. 📊 Um grama de ovos pode conter até 100 mil unidades. Montagem das caixinhas: tecnologia portátil Os ovos são colocados em potes com uma dieta especial e acondicionados em caixinhas de liberação. Basta adicionar água para que os mosquitos com Wolbachia comecem a nascer e se espalhar. Como funcionam as caixinhas de liberação? Em Campinas (SP), fábrica vai produzir caixinhas que armazenam ovos do mosquito com Wolbachia e podem ser enviadas para qualquer lugar do mundo. Bárbara Camilotti / g1 Campinas As caixinhas que serão produzidas na biofábrica de Campinas podem ser enviadas para qualquer lugar do Brasil e do mundo. Dentro da caixa, além dos ovos, há uma dieta específica para o desenvolvimento das larvas. Ao adicionar água, os ovos eclodem e passam pelas fases de larva, pupa e mosquito adulto. Os insetos saem por pequenos furos no topo da caixa e iniciam o processo de acasalamento, disseminando a bactéria na população local. Os recipientes são resistentes, têm travas de segurança e furinhos projetados para evitar a entrada de outros insetos. Elas protegem uma área de até 5 mil m² e têm autonomia de 28 dias. A empresa afirma que o método é seguro, não tóxico e já foi validado em diversos países. O que é a Wolbachia? A Wolbachia é uma bactéria intracelular, presente naturalmente em cerca de 60% dos insetos, e não é transmissível para humanos ou animais. Quando inserida no mosquito Aedes aegypti, ela impede que o vírus da dengue se replique dentro do organismo do inseto. Com isso, mesmo que o mosquito pique uma pessoa, ele não transmite a doença. A técnica é chamada de substituição populacional: os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente e se reproduzem com os mosquitos selvagens. A bactéria é passada para os descendentes, e aos poucos, a população local passa a ser composta majoritariamente por mosquitos que não transmitem os vírus. Desde janeiro, o método foi incorporado ao Programa Nacional de Combate à Dengue (PNCD), do Ministério da Saúde, e já é usado em ao menos 11 cidades brasileiras. Biofábrica em Campinas (SP) quer produzir 190 milhões de mosquitos com bactéria para combater dengue. Bárbara Camilotti / g1 Campinas VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/10/08/aquacultura-dieta-e-gaiolas-como-biofabrica-quer-produzir-190-milhoes-de-mosquitos-com-bacteria-para-combater-dengue.ghtml


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